sexta-feira, 18 de setembro de 2009

PNAD mostra país com mais emprego e renda e uma classe média que progride

Foram divulgados hoje de manhã os resultados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, que é o mais amplo retrato da população brasileira do ponto de vista de renda, consumo, trabalho, educação e acesso a serviços de infraestrutura, entre outras coisas. Foram entrevistados mais de 390 mil pessoas em 150 mil domicílios de todo o país.

Vale dizer que essa pesquisa foi realizada em setembro de 2008, logo no comecinho da crise, quando nós brasileiros surfávamos o pico da onda de prosperidade. Só para lembrar, o PIB desse 3o trimestre que se encerrou em setembro de 2008 foi de 6,8%. Ou seja, voávamos em céu de brigadeiro.

A pesquisa mostra que a quantidade de gente trabalhando em 2008 aumentou em quase 3% na comparação com 2007. Melhor ainda – mais dois milhões de pessoas conseguiram emprego com carteira assinada. Mesmo assim, apenas pouco mais de 1/3 dos nossos trabalhadores estavam registrados na época da pesquisa, o que ainda é muito pouco. O lado cruel dessas estatísticas é o que mostra que cerca de 4 milhões e meio de crianças e adolescentes trabalham em nosso país, sendo que quase 1 milhão delas tem entre 5 e 13 anos de idade. A maioria dessas crianças trabalha no campo.

Por outro lado, aumentou a quantidade de brasileiros com mais de 50 anos na ativa. Isso é conseqüência direta do envelhecimento da população brasileira. Basta dizer que o percentual de brasileiros com 40 anos ou mais passou de 34% da população, enquanto o de crianças e jovens até 14 anos baixou de 25,5% para 24,7%. No Sul e no Sudeste o percentual de quarentões, cinqüentões, sessentões etc sobe para 38%. Para desespero das moças devemos avisar que o Brasil continua sendo habitado menos por homens do que por mulheres. Os rapazes somam 48,7% e as moças 51,3%.

O rendimento médio real do trabalho das pessoas ocupadas chegou a R$ 1.036, apenas 1,7% maior que o apurado em 2007. Para efeito de comparação, essa elevação tinha sido de 3% entre 2006 e 2007 e de 7,2% entre 2005 e 2006. Mas a concentração continua alta - os 10% dos trabalhadores mais bem remunerados no Brasil detém quase 43% de todos os rendimentos. Não é a toa que as marcas ainda dependem de um grupo bem pequeno de consumidores para vender seus produtos de maior valor agregado. Por outro lado, a renda familiar, que é a soma de todos os ganhos de todos os membros da família, essa subiu quase 3% e chegou a 1.915.

É com essa renda e com a ajuda do crédito que os brasileiros seguem equipando suas casas. Alguns números impressionam. De 2007 para 2008, mais 4,4 milhões de domicílios passaram a ter algum telefone em casa, sendo que quase 4 milhões desses compraram apenas um telefone celular. Hoje 82% dos lares brasileiros tem telefone e perto de 38% deles conta exclusivamente com o celular. Tem mais – 98% das casas brasileiras possuem fogão, 92% geladeira, 41,5% máquina de lavar, 95% televisão, 89% rádio. Mas o destaque foram os computadores. Em setembro do ano passado 31% dos nossos domicílios possuíam um computador e quase 24% tinham acesso à internet. Em 2007 esse percentual era de 20%. Consumidores conectados, todo mundo sabe, pesquisam mais os preços, trocam informações e quando são mal tratados botam a boca no trombone virtual.

Sobre habitação – 74% dos 57 milhões e 600 mil domicílios brasileiros são próprios e apenas 16% são alugados. Mas tudo indica que o setor imobiliário vai mesmo crescer, especialmente na classe média brasileira. No ano passado o percentual de imóveis em aquisição já tinha passado de 4% e o número médio de moradores por domicílio continua caindo. É gente que mora com os pais ou sogros e que agora corre atrás do sonho da casa própria. Detalhe interessante – o percentual de casas com apenas um morador subiu de 11,5% para 12% e no Sul e Sudeste chega perto de 13%.

Para terminar, alguns dados preocupantes. Apesar de tantos avanços materiais, o percentual de casas com esgoto ainda é muito baixo, 52,5%, 12% dos lares não contam com recolhimento de lixo e 16% não tem água encanada. Outro destaque negativo vem da educação. O percentual de analfabetos continuou o mesmo de 2007 - 10% dos brasileiros não sabem ler nem escrever, índice que no Nordeste sobe para 19%. Some-se a isso o grupo dos analfabetos funcionais, que só sabem escrever o nome, que representam 21%. Isso significa um total de mais de 44 milhões de pessoas que terão muita dificuldade em encontrar empregos qualificados.

Em resumo, o PNAD mostra um país mais maduro, com mais emprego e renda, com uma classe média que progride, mas que ainda patina na hora de enfrentar seu maior desafio atual, que é o da educação. Pessoas com baixa instrução, ganham menos, consomem menos e ajudam menos o Brasil a crescer.

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