segunda-feira, 27 de abril de 2009

Shoppings prosperam na Venezuela de Chávez


Na semana passada a Câmara Venezuelana de Centros Comerciais e Comerciantes reuniu em Caracas, na Quinta La Esmeralda, cerca de 300 pessoas em sua convenção. Como não podia deixar de ser, a crise financeira global foi um tema constante no encontro. Mas a Venezuela tem problemas bem particulares, distintos daqueles que afligem brasileiros, americanos e europeus. Para dar uma idéia, o varejo de lá conseguiu crescer suas receitas em 20% no ano passado. Porém a inflação, que bateu a casa dos 31% em 2008, corroeu todo o lucro dos comerciantes. A queda do preço do petróleo é outro fator de preocupação dos economistas e empresários daquele país.

Por outro lado, as oportunidades também são inúmeras. Pesquisas mostram que 90% dos venezuelanos tem o hábito de visitar shopping centers. Entretanto, cerca de 80% da população pertence aos extratos econômicos médios e baixos. Por isso, não surpreende que os freqüentadores usem os centros comerciais principalmente para passeio e serviços - apenas 27% dos freqüentadores vão aos shoppings com o objetivo declarado de fazer compras. Mesmo assim, 48% dos gastos dos consumidores são feitos em shoppings na Venezuela. Para efeito de comparação, vale dizer que no Brasil esse percentual não chega a 20%.

O povo venezuelano, assim como o brasileiro, é bem consumista e vaidoso. Apenas no maior shopping de Caracas existem nada menos do que 22 salões de beleza. As intervenções cirúrgicas com finalidade estética, especialmente os implantes de silicone nos seios, são o sonho de consumo das meninas neste país, onde muitas encaram a chance de ganhar um concurso de miss da mesma maneira como alguns garotos brasileiros correm atrás da bola – na esperança de alcançar a independência financeira. Outro fenômeno local são os celulares. Existem 24 milhões de celulares para 27 milhões de habitantes. Até motoristas de taxi usam smartphones, aqueles aparelhos que permitem acessar internet, mandar e receber emails.

Fazer negócios na Venezuela tem lá suas peculiaridades. Os empreendedores de shoppings tem que construir escolas e pontes e doá-las ao Estado como uma espécie de contrapartida social. Mesmo assim, eles podem ser surpreendidos, como aconteceu no final do ano passado, quando o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em seu programa de televisão, anunciou a interrupção da construção de um shopping no centro de Caracas, o Sambil La Candelária (foto), por julgar que ele atrapalharia o trânsito já congestionado do local e incentivaria o consumismo do povo. O problema é que o shopping estava quase pronto e das suas 250 lojas, cerca de 130 já haviam sido vendidas. Enquanto tenta convencer o presidente a mudar de idéia, o Grupo Sambil segue tocando as obras, sem saber se o prédio será expropriado para tornar-se um hospital, como gostaria Hugo Chávez.

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