Se o varejo tradicional brasileiro sentiu uma certa desaceleração no final de 2008, o mesmo não aconteceu com outro setor que avança de vento em popa em nosso pais – o de vendas diretas. Para dar uma idéia, enquanto o faturamento das lojas caía 2,3% entre o 3o e o 4a trimestre do ano passado (dados do IBGE), as vendas feitas por representantes nas suas casas, nas residências dos clientes, em ambientes de trabalho e em outros locais que não são estabelecimentos comerciais subiam 12,6% no mesmo período, segundo a Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABEVD).
Apesar de pouco badalado, o canal de vendas diretas é extremamente forte no Brasil. Para efeito de comparação, vale dizer que as 65.500 lojas instaladas nos 378 centros comerciais associados a Associação Brasileira de Shopping Centers faturaram juntas R$ 64,6 bilhões em 2008. Ao mesmo tempo, os quase 2 milhões de representantes ativos venderam R$ 18,5 bilhões, quase 30% do total arrecadado pelos maiores e melhores comerciantes do pais. Não é a toa que somos o 3o maior mercado mundial de vendas diretas, atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão.
Vende-se de tudo um pouco por esse canal – de lingerie a produtos financeiros, passando ainda por, bijuterias, utensílios domésticos e alimentos. Mas a maior participação fica mesmo com produtos de higiene, beleza e cuidados pessoais. Em 2007, nada menos que 28% das receitas desse segmento foram produzidas por vendas diretas, de acordo com a Abihpec – Associação Brasileira da Industria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Os revendedores brasileiros são, na maioria, mulheres, em grande parte donas de casa, estudantes ou aposentadas, que utilizam a venda direta para complementar a renda. Muitos profissionais liberais adotam a mesma medida. Outra tendência importante é a crescente incorporação de revendedores autônomos por comerciantes e empreendedores dispostos a colocar uma variada gama de produtos literalmente no colo dos seus clientes. A crise e o aumento do índice de desocupação no Brasil podem engrossar o exército de vendedores diretos, que já passa de 1% da população. O setor conta também com o fato de depender pouco de credito para, em 2009, crescer e aparecer ainda mais.
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