O IBGE soltou agora de manhã os dados da Pesquisa Mensal do Comércio referentes a dezembro de 2008 – o volume de vendas no varejo brasileiro cresceu 3,9% na comparação com dezembro de 2007. Considerando apenas o 4o trimestre, quando as notícias sobre a crise já estavam disseminadas no Brasil, houve aumento de 6% em relação a 2007. No ano, o incremento foi de 9,1%.
A pesquisa mostrou que os efeitos da crise não são iguais para todos. Por exemplo, os automóveis, que dependem essencialmente de financiamento, perderam vendas em dezembro. Para ser mais preciso, venderam menos 4,5% do que em dezembro de 2007. Mas no acumulado de 2008, o crescimento do mercado de carros, motos e autopeças chegou a 12%. A mesma coisa aconteceu com o segmento de material de construção, que teve uma queda de 3,6% sobre dezembro de 2007, mas alcançou crescimento de quase 8% no ano passado. Mesmo entre as regioes do país há diferenças importantes. As vendas de dezembro subiram 6,4% em São Paulo, acima portanto da média nacional, mas caíram 7,2% no Pará. Quer mais um exemplo? O desempenho do comércio em dezembro poderia ter sido ainda melhor, não fosse o surpreendente destaque negativo de vestuário e calçados, setor que recuou mais de 6% em pleno mês do Natal. Eu conversei com um executivo de uma das maiores redes varejistas de calçados do país, que vendeu em dezembro passado menos do que havia vendido em 2007. Por outro lado, em janeiro de 2009 os clientes voltaram com força, compensando as perdas do Natal. Qual a explicação? Possivelmente, nesse caso a psicologia falou mais alto do que a economia.
Na semana passada conversei também com um alto executivo da área de shoppings. Ele me contou que, de fato, houve uma desaceleração no ritmo do crescimento, mas a realidade nem de longe se parece com aquela retratada por certos setores da mídia. Para você ter uma idéia, um shopping administrado por essa empresa, localizado no coração do ABC paulista, registrou um aumento de 10% no tráfego de pessoas apenas na semana passada. Você pode até pensar que essa gente toda estava só passeando. Mas a verdade é que as vendas também estão maiores do que as de 2008. Em janeiro, as lojas deste shopping faturaram quase 20% mais do que em janeiro do ano passado. Vale ressaltar que estamos falando de um empreendimento no ABC, onde estao concentradas grandes montadoras de veículos e fábricas de autopeças, ou seja, empresas que promoveram muitas demissões. Essa história confirma que é necessário ter cautela nas generalizações.
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