terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O que as agências esperam de 2009

No final do ano passado conversei com vários donos de agências para saber o que eles esperam de 2009. O objetivo era fazer um especial que foi ao ar na Band News FM em dezembro. Divido com você alguns dos melhores momentos:

- Alexandre Gama, presidente da Neogama, BBH

Eu acho que em 2009 nós vamos ter a chance de separar o joio do trigo, porque teremos um cenário em que as lideranças empresariais vão precisar ser muito boas, muito competentes. Até agora eu diria que todos os líderes em todos os setores vinham dirigindo um avião no piloto automático, o tempo era muito bom, a velocidade de cruzeiro e o piloto não precisava nem estar na cabine. Agora tem uma tremenda tempestade à frente e todo mundo terá que entrar na cabine e pegar o manche na mão. E é nessa hora que você vê quem é líder, quem é empresário, quem sabe lidar com a adversidade e quem na verdade só sabe conduzir o avião no piloto automático. Ou seja, também tem um fator positivo nessa crise, que é a depuração, em vários sentidos, da competência que existe no país. Ela mostrará a diferença entre os que ficam chorando e os que vendem lenço e vai evidenciar aqueles que realmente sabem aproveitar as oportunidades. Vai ser um ano duro, mas muito revelador da capacidade do empresário brasileiro e do próprio país. Essencial será lembrar que crise e criatividade começam com a mesma sílaba – mas a segunda possui a palavra ‘atividade’ no final. A criatividade tem o poder de movimentar, de tirar o consumidor da apatia. Eu acredito muito na criatividade como uma ferramenta que ajuda você a superar dificuldades. Ela é especialmente valiosa quando as coisas à frente estão indefinidas.

- Luiz Lara, presidente da Lew, Lara

Eu acho que nós estamos no meio de um tsunami. Houve uma baita crise financeira mundial, que já está ao afetando a economia real, e o Brasil não vai ficar ileso. Mas eu não tenho a menor dúvida de que o país reúne hoje melhores condições do que em qualquer outra crise do passado e que nós vamos continuar a crescer em 2009, embora menos do que em 2008. O Brasil conta hoje com uma economia emergente, com 89 milhões de consumidores de classe média, 23 milhões dos quais ingressaram recentemente na Classe C, que vão continuar acordando, tendo três refeições por dia e consumindo, ainda que menos. Por isso, nós não podemos parar de anunciar, porque a marca que pára de anunciar abre uma enorme oportunidade para um concorrente crescer no seu mercado. Existem vários exemplos de marcas que prosperaram na crise porque, mesmo investindo menos, conseguiram fazer uma propaganda criativa, conciliando o trabalho de construção e posicionamento de marca com alavancagem de venda. Nem que a gente tenha uma pegada mais forte de varejo, não podemos deixar de manter a relação da marca com o consumidor. Mais do que nunca a comunicação é imprescindível nesse momento para que a empresa mostre a sua postura de parceira do consumidor, mesmo na crise.


- José Eustachio, vice-presidente da Talent

O efeito dessa turbulência que nós estamos vivendo varia de segmento para segmento. Eu tenho clientes que estão muito condicionados na sua performance ao câmbio e por isso estão assumindo estratégias mais radicais. Por outro lado tenho clientes como os de varejo, que estão até de certa forma sendo beneficiados, porque há uma tendência da indústria de produtos de consumo em transferir mais verbas para que o varejo possa acelerar o giro dos seus produtos no ponto de venda. Há ainda o exemplo da Ipiranga, que possui uma visão expansionista, porque está se beneficiando do aumento da frota de automóveis colocada no mercado. Ainda que essas pessoas rodem um pouco menos, elas continuarão a demandar combustíveis e serviços. Então você percebe claramente uma diferença entre os distintos setores.

- Bob Vieira da Silva – presidente da Nova/SB

Acredito que o ano de 2009 será bem atípico para o mercado publicitário e que os seis primeiros meses serão muito difíceis em todos os sentidos. O Brasil hoje tem um mercado interno bastante forte, que nos protege um pouco dessa grande crise internacional, mas infelizmente nós vamos sofrer um pouco, como todo mundo, as conseqüências da crise. Mesmo assim, as empresas não podem agir apenas por impulso ou influenciadas pela percepção de crise que acabou contaminando o mercado. Devem, ao contrário, tentar buscar alternativas e buscar formas diferenciadas de entender o seu consumidor e estar perto dele.

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