sexta-feira, 7 de março de 2008

Consumo popular eleva vendas no varejo

Alertado pelo artigo do jornalista Ali Kamel, publicado esta semana no Globo, dei um pulinho na página do Ministério do Desenvolvimento Social para ler a matéria sobre a contribuição dos programas sociais no consumo de bens duráveis pelas famílias brasileiras de menor poder aquisitivo, que foi produzida pela assessoria de comunicação daquela pasta (leia aqui).

Não pretendo tomar partido na discussão proposta por Kamel – ele acredita que esses recursos não deviam servir ao consumo e sim a outras destinações, como educação. Minha intenção é encaixar mais uma peça nesse grande quebra cabeças que é o recente aumento do consumo no país. Já sabíamos que a combinação de fatores como a elevação da renda das famílias, a expansão do crédito e a confiança no futuro contribuíram fortemente para o crescimento de 9,6% nas vendas do varejo, registrado em 2007 pelo IBGE. Agora fica claro que também o dinheiro proveniente dos programas sociais do governo ajudou as lojas a vender mais televisores, móveis, fogões e máquinas de lavar.

Para você ter uma idéia do volume desses recursos, apenas o Bolsa Família distribuiu no ano passado quase R$ 9 bilhões, beneficiando 11 milhões de famílias e algo em torno de 26% da população. Para 2008 esse total deve subir para R$ 10,4 bilhões. Boa parte desse dinheiro está garantindo o pagamento das prestações dos bens duráveis adquiridos pelos consumidores da base da pirâmide.

Um bom exemplo disso é o Estado de Alagoas. Enquanto o comércio nacional avançou 9,6% em 2007, na comparação com 2006, o varejo de lá cresceu espantosos 19,2%. Ainda de acordo com a matéria do Ministério de Desenvolvimento Social, há 45 meses Alagoas bate recordes de consumo popular. A explicação está nos benefícios recebidos pela população – só os aposentados embolsaram da Previdência R$ 2 bilhões em 2007. O Bolsa Família jogou naquele mercado outros R$ 300 milhões. Detalhe – mais de 53% dos alagoanos são atendidos por programas de transferência de renda do governo.

Os recursos distribuídos por esses programas sociais são usados para complementar a renda das famílias mais pobres, que lastreadas pela segurança de um dinheirinho certo todos os meses sentem-se à vontade para assumir o crediário e aparelhar suas casas. Como o cenário não deve mudar e a demanda ainda é grande, dá para apostar que os bens duráveis continuarão puxando as vendas do varejo por um bom tempo.

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