
Não entendeu? Eu explico.
Importantes empresas de shopping centers, nos Estados Unidos, estão apostando no desenvolvimento de espaços coletivos para abrigar varejistas vindos do e-commerce, fabricantes de produtos inovadores ou mesmo novos entrantes no competitivo mercado varejista.
Uma dessas iniciativas vem da Simon, maior empreendedora de shoppings das Américas, que começou a operar em seis dos seus centros comerciais, no final de novembro, o Launchpad. Trata-se de um espaço desenhado para abrigar lançamentos e produtos de alta tecnologia, produzidos tanto por novas empresas quanto por companhias tradicionais. O Launchpad oferece ainda experiências em Realidade Virtual (VR), Realidade Aumentada (AR) e games, além de contar com um cão robô, que atende a comandos verbais. O conceito é abertamente inspirado na b8ta, cujo modelo de negócio é exatamente este: sublocar espaço de loja e oferecer estrutura de venda para fabricantes interessados em testar aderência do mercado a novos produtos.
Mas não pense que a Simon está sozinha nessa. Macerich, outro gigante do setor de shopping centers, também começou a surfar onda semelhante, mês passado. O nome do programa, lançado inicialmente no Tysons Corner, na Virgínia, é BrandBox. A diferença é que aqui o foco é direcionado principalmente para varejistas virtuais interessados em explorar também lojas físicas. Curiosamente, a primeira BrandBox abriga ainda a DKNY, marca de luxo que não opera lojas diretamente. Cada uma das seis marcas participantes desse primeiro ciclo ocupa 150 m2 da loja, restando 200 m2 para a área de estoque e backoffice. A ideia da Macerich é fazer o roll out da BrandBox em seis shoppings no próximo ano.
Outra variação do conceito é o Tangible Collective, dobradinha de marketplace online com loja física, do Washington Prime Group, outro empreendedor americano de shopping centers. Como o nome sugere, a ideia é tangibilizar em uma loja de tijolo e cimento o contato dos clientes com produtos vendidos pela internet. Não existe estoque neste espaço, que funciona como um showroom, onde as pessoas podem experimentar produtos e fechar a compra por meio de tablets disponíveis no local. Já existem quatro Tangible Collective em shoppings da Washington Prime, nos Estados Unidos.
Todas essas iniciativas refletem a consciência dos shopping centers de que precisam rever suas estratégias de tenant mix e estabelecer uma ponte entre o mundo físico e o universo digital, para se manterem relevantes para os consumidores. Como consequência, o escopo de trabalho e o perfil dos profissionais das áreas comerciais estão mudando drasticamente. No passado, o desafio da área comercial dos shoppings era negociar os melhores acordos para integrar as melhores marcas ao mix de lojas. Hoje, pode ser pesquisar lançamentos de produtos em feiras como a CES (Consumer Electronics Show) ou Canton Fair, vasculhar sites da internet em busca de novos e bons operadores ou viabilizar a migração de marcas de consumo para o varejo. E acomodar todo esse pessoal, de forma harmônica, em espaços atraentes para quem compra e para quem vende. Algo bem diferente, sem dúvida, e talvez ainda mais instigante.
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