Uma das maiores
ameaças aos shoppings é o crescimento das vendas pela internet. Quem disse isso
foi ninguém menos do que Mike Kercheval, presidente do ICSC - International
Council of Shopping Centers, em entrevista concedida há uma semana ao jornal
chileno La Tercera. Para exemplificar
as mudanças que o varejo digital anda impondo aos shoppings, Kercheval lembrou
que cerca de 10 anos atrás lojas de livros e música respondiam por cerca de 25%
do tenant mix. Hoje, parte desse espaço é ocupado por restaurantes e salões de
beleza, serviços que os consumidores não podem usufruir online.
A verdade é que o
futuro do varejo passa pelos canais onipresentes, escolhidos pelos consumidores
de acordo com sua conveniência. E até mesmo antigas vantagens das lojas físicas,
como gratificação instantânea, atendimento personalizado e capacidade do
cliente testar o produto, têm sido reduzidas por iniciativas dos varejistas
digitais, como a entrega expressa no mesmo dia. Além disso, os consumidores aprenderam
a usar as lojas como showroom do comércio virtual. Diante de todas essas
novidades, como devem se comportar os shopping centers, tradicionais templos de
lojas de tijolo e cimento?
Para começo de conversa, o mix tende mesmo a mudar. Além dos
restaurantes e lojas de serviços, como os cabeleireiros, citados por Kercheval,
veremos mais entretenimento e lojas conceito, como as que a indústria tem
aberto para se aproximar dos seus consumidores. As estratégias de marketing
também vão se alterar, privilegiando relacionamento com os frequentadores e
ações que estimulam a compra por impulso, especialmente fora das grandes datas
promocionais do calendário. Muitos shoppings, mundo afora e também por aqui, já
perceberam que neste cenário a ambientação e pequenos detalhes, como lounges
confortáveis, banheiros para a família, terraços, obras de arte espalhadas pelo
mall e até estacionamentos amplos, bem iluminados e sinalizados podem colaborar
para amplificar a satisfação e a identificação dos clientes com o shopping. E o apoio efetivo aos
esforços de vendas dos lojistas representa uma valiosa oportunidade de
diferenciação por parte dos centros comerciais.
Em um segundo
momento, talvez até mesmo a relação comercial entre administradores e
varejistas passe por atualizações em função do avanço do eCommerce. Na Best
Buy, por exemplo, parte das vendas produzidas pelo website da marca na área de
influência de uma determinada loja é computada no cálculo do atingimento das metas
daquela unidade, o que significa que a maior rede de eletrônicos americana
reconhece a contribuição do ‘showrooming’ nas suas vendas virtuais. Na Ann
Taylor, os produtos comprados online que forem trocados em uma loja física
passam a contar para a meta do vendedor que recebe aquela consumidora e a ajuda
nas trocas. Esses e outros casos semelhantes indicam que, no futuro,
possivelmente testemunharemos novas maneiras de dimensionar o desempenho da
loja e a remuneração dos shoppings.
Uma coisa é certa –
os shoppings já estão em fase de transformação, para continuarem relevantes
como sempre. Afinal, apesar da crescente
presença digital em nossas vidas, sempre precisaremos de lugares para viver
bons momentos e encontrar pessoas de carne e osso, como a gente.
Um comentário:
Com esse novo jeito do cosumidor avaliar as compras em lojas fisicas, influenciados pelo bombadero de promoções, vantagens e preços baixos na internet, será que não está na hora das lojas e grandes centros de compras usarem também a internet e smatphones.. para estimular e reter os clientes ?
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