A CNI divulgou ontem os dados da sua pesquisa mensal feita para avaliar o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor. Os resultados mostraram que os brasileiros continuam felizes e otimistas. Para você ter uma ideia de como o povo brasileiro está de bem com a vida, basta dizer que o tal Índice Nacional de Expectativa do Consumidor ficou 13% acima da média histórica da pesquisa. E todo mundo sabe que consumidor otimista é consumidor gastador.
Mas vale a pena analisar essa pesquisa com um pouquinho mais de atenção. O índice é composto por diversos itens, como expectativa sobre inflação, desemprego, renda pessoal e por aí vai. Pois bem, numa prova de que os brasileiros ficaram de fato traumatizados com a alta desenfreada de preços do passado recente, a pesquisa mostrou que praticamente a metade dos mais de 2 mil entrevistados em todo o país acham que a inflação vai aumentar. A maior proporção dos pessimistas é entre os mais ricos, com renda familiar superior a 10 salários mínimos. Neste segmento 59% acreditam na volta da inflação alta.
Mas essa é a única notícia ruim da pesquisa. As outras são bem boas. Por exemplo, somente 1/3 dos brasileiros teme o aumento do desemprego. Quem puxa esse índice para cima são as pessoas com escolaridade mais baixa, que já perceberam que existe uma relação estreita entre educação e empregabilidade. Entre pessoas com nível superior, o medo do desemprego cai para 28%. Do ponto de vista da situação financeira da família, 42% dizem que ela está melhor que no passado e 48% acham que está igual. Só 10% reclamam que ela piorou. Algo parecido ocorre com a expectativa de renda pessoal: apenas 8% acham que ela vai diminuir. Curiosamente, nesses dois itens o pessimismo é maior entre os mais velhos e, uma vez mais, nos de menor instrução.
Isso tudo significa então que esse não será um Natal de lembrancinhas. Aliás, uma das perguntas da pesquisa é exatamente sobre a intenção de compra de bens de maior valor nos próximos meses: 54% dos entrevistados dizem que vão manter o mesmo padrão, que já tem sido alto, 35% prometem aumentar e somente 13% vão diminuir. São os jovens os que mais desejam aumentar a aquisição de bens de alto valor. Para fazer frente a todas essas despesas, 25% dos brasileiros devem se endividar ainda mais e 38% pretendem manter o mesmo nível de endividamento.
Com tudo isso, dá para repetir uma frase que venho dizendo faz tempo: o varejo brasileiro terá, sem sombra de dúvida, um feliz natal e um próspero ano novo.
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