As vendas no varejo nacional tiveram, em 2016, uma queda
nominal de 6,4%, na comparação com 2015. Isso significa que, considerando a
alta inflação do período, o tombo real foi da ordem de dois dígitos. Um
segmento do varejo, no entanto, teve desempenho um pouco melhor. Falo das lojas
localizadas nos 558 shopping centers espalhados pelo país, cujas vendas médias
nominais cresceram 4,3% no ano passado, chegando perto de R$ 158 bilhões. Mesmo
diante da crise econômica, o setor inaugurou 20 novos empreendimentos no ano
passado. Isso não significa que os shoppings estejam voando em céu de
brigadeiro, claro. A taxa de vacância, ou seja, o percentual de lojas não locadas,
pulou de 2,8% em 2014 para 4,6% em 2016, números que impactam diretamente as
receitas dos centros de compra. Mas para o ano que vem as previsões são mais
otimistas: 5% de aumento nas vendas. Todos estes dados foram divulgados esta
semana pela Associação Brasileira de Shopping Centers – ABRASCE.
É interessante notar a mudança do perfil desta indústria ao
longo dos últimos anos. Quer um exemplo? Hoje, 53% dos shopping centers brasileiros
estão fora das capitais, percentual bem maior do que os 49% de 2014. A participação
do interior vai subir ainda mais esse ano, já que somente 20% dos 30 novos projetos
previstos para 2017 localizam-se em alguma das capitais brasileiras. Segundo a
ABRASCE, além de oferecerem mercados ainda pouco atendidos pelos shoppings, as
cidades menores possuem terrenos mais baratos, menores custos de construção e
menor complexidade para obtenção de licenças de funcionamento. Essa
capilaridade ajuda bastante a viabilizar a expansão das redes e franquias,
levando marcas importantes para novos mercados.
Outra tendência importante é o consistente crescimento dos complexos
multiuso. Nada menos do que 1/3 dos shopping centers brasileiros possuem ao
lado algum empreendimento complementar: 61% convivem lado a lado com condomínios
empresariais, 28% com hotéis, 27% com torres com centros médicos, 20% com
faculdades e 16% com prédios residenciais. Também assistiremos a uma expansão
nos próximos anos de outlet centers – os 11 centros de compras com pontas de
estoque e produtos de marcas com preços acessíveis atualmente em operação no
país devem receber a companhia de outros 8 outlets até 2019, ainda de acordo
com a ABRASCE.
O setor de shopping centers no Brasil vive um momento de
transição, registrando importantes mudanças no perfil do seu público, das suas
lojas, na motivação de uso e até no próprio conceito. Não é exagero dizer que
chamar esses empreendimentos de shopping centers (centros de compra, em uma
tradução literal do inglês) é um equívoco, já que as pessoas vão a estes locais
para comer, passear, resolver problemas, pagar contas, estudar, realizar reuniões
de trabalho, encontrar amigos e até para, eventualmente, fazer compras.
Em resumo, se eu vou ao shopping para assistir a um filme,
fazer um lanche no intervalo da aula, distrair a criançada ou pagar contas,
posso muito bem dar uma olhada nas vitrines e, quem sabe, fazer uma compra por
impulso. Esse é um dos motivos pelos quais o setor atravessa a crise sofrendo
um pouco menos do que o varejo de rua.
Um comentário:
Olá, Luiz, boa tarde! Próximo dia 17/02 o Sr. Estará em Fortaleza para uma palestra no Shopping RioMar. Estarei lá será um prazer ouvi-lo, sou aluno do mestrado de Turismo da Universidade estadual do Ceará e vou trabalhar com shopping center na minha dissertação. Forte Abraço. Hugo Sampaio
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