quinta-feira, 9 de junho de 2016

Pesquisa | Quem são e o que fazem os brasileiros nos shoppings do país?

A frequentadora típica de shopping center no Brasil é mulher, jovem, solteira e de classe média. Quem garante é o mais recente estudo divulgado pela ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers. Ainda segundo a pesquisa, realizada pela GfK em 8 cidades (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) em março passado, apesar de serem minoria, os homens vão mais vezes aos shoppings, ficam menos tempo e gastam quase 50% a mais do que as mulheres. Quer conhecer os números em detalhe? Então, vamos a eles.

Perfil

Praticamente 6 em cada 10 frequentadores de shopping no Brasil são mulheres. O percentual de 59% de público feminino em 2016 é maior do que os 55% registrados na pesquisa de 2012. Belém (68%), Rio (63%) e Salvador (62%) puxam para cima a predominância feminina. Por outro lado, em Ribeirão Preto os homens são maioria (56% do público).

Outro dado importante que emerge da pesquisa é a crescente presença de jovens nos centros comerciais do nosso país. A idade média dos entrevistados é de 32,5 anos e apenas 20% deles possuem mais de 45 anos. A faixa etária mais numerosa é a de 20 a 29 anos, que responde hoje por 36% dos clientes – o que obriga os shoppings a estudar em profundidade o fenômeno de comportamento dos millennials. Naturalmente, com tantos jovens nos seus corredores, o estado civil que prevalece é o solteiro – somente 30% são casados. 

Do ponto de vista de classe social, o estudo revelou que a classe B representa metade dos frequentadores de shopping centers. A Classe A aparece com 21% e a Classe C com 29%. As cidades com maior presença de Classe A são São Paulo (33%) e Ribeirão Preto (32%). Já em Belém e Salvador, esse extrato contribui com apenas 11% dos clientes.

Comportamento de Consumo

O que faz um consumidor escolher um shopping em detrimento de outros? Bem, o fator localização segue sendo o principal. Em segundo lugar aparece o mix de lojas. Bom estacionamento, que nos Estados Unidos é fator crítico, aqui parece ter menos importância. Mas atenção – isso em boa parte é consequência da juventude da maioria dos frequentadores, que tende a usar mais transporte público. Vale dizer que 45% dos entrevistados usam ônibus, trem ou metrô para ir ao shopping, bem menos que os 33% que vão de carro ou moto. Para atrair clientes mais velhos e de melhor poder aquisitivo, estacionamento continua sendo essencial.

Na média, o brasileiro vai ao shopping 7 dias por mês - quase duas vezes por semana! Em Beagá e São Paulo esse índice sobe para quase 9 vezes, enquanto no Rio ele é próximo de 8 vezes por mês. Aqui a surpresa vem dos homens, que em geral dão aquele pulinho no shopping 8,1 vezes por mês, bem mais do que as 6,8 vezes mensais das mulheres, veja você. O tempo médio de permanência é de 76 minutos.

O motivo da visita não mudou mudou da pesquisa de 2012 para cá. Só 37% vão ao shopping com a finalidade específica de fazer compras. Outros 11% vão para alimentar-se (restaurantes, lanchonetes ou cafés), 10% para ver vitrines ou passear, 12% para fazer algum serviço, 8% pagar contas em lojas, 6% encontrar amigos e 5% ir ao cinema. A cidade onde o consumidor mais enxerga o shopping como um centro de compras é Porto Alegre, onde 49% vão para comprar. Em Ribeirão Preto destaca-se a alimentação, fator que atrai 22% dos clientes.

A infidelidade é uma realidade: em média cada brasileiro costuma frequentar dois shopping centers em sua cidade. Ir ao shopping é crescentemente um programa social. Prova disso é que embora 40% dos entrevistados tenham o hábito de irem sozinhos, 34% vão ao mall com a família, 22% com amigos e 12% com o namorado ou namorada. Porto Alegre (46%) e Salvador (40%) são os locais onde a presença da família é mais acentuada.

Vamos falar sobre cinemas? Nada menos do que 88% dos entrevistados costumam usar o cinema do shopping. Desses, 21% usam apenas o cinema, 86% também consomem na alimentação e 56% aproveitam para visitar lojas antes ou depois dos filmes. O que significa uma incrível oportunidade nem sempre bem explorada, de ações do marketing dos shoppings nos cinemas. Em tempo: 14% dos ingressos são comprados com antecedência, pela Internet. Parece pouco, mas esse índice era de 8% em 2012 e 11% em 2014. Ou seja, a compra online vem subindo gradualmente. No Rio e em São Paulo ela chega a 22%.

Conversão

Embora somente 11% das visitas tenham sido motivadas por alimentação, nada menos do que 41% dos entrevistados consumiram na Praça de Alimentação no dia da entrevista, gastando em média perto de R$ 37. O que significa um alto índice de compra por impulso neste segmento.

Em geral, 52% dos brasileiros não compram em nenhuma loja quando vão ao shopping. Eles entram em média em 2,2 lojas em cada visita e compram em 1,4 loja, o que se traduz em uma conversão de 63%. O gasto médio em loja é de R$ 243. Sabe onde essa média é maior? Em Belo Horizonte, onde chega a R$ 333. Por outro lado, em Belém ela não passa de R$ 164. A diferença entre as classes sociais, claro, também é muito grande: enquanto a Classe A tem um gasto médio de R$ 416, a Classe B gasta R$ 196 e a Classe C, R$ 187.


Em resumo, o estudo sugere, entre outras coisas, atenção com a juventude do público dos shoppings e a necessidade de tentar equilibrar um pouco essa demografia por meio de atrações orientadas para casais com filhos pequenos. Mostra ainda que é grande a dependência da Classe B, bastante afetada em seu poder de consumo pela crise e por isso mesmo sensível a ofertas e promoções, que o mix de lojas segue sendo fator essencial para definição do shopping preferido e que trabalhar a conversão é um enorme desafio e uma fantástica oportunidade ao mesmo tempo.

Todas essas informações apenas confirmam que o negócio dos shoppings evolui rapidamente em complexidade e exige nova forma de pensar e novas soluções. Quem espera romanticamente que o setor volte um dia a ser como foi no passado vai decepcionar-se. Nada será como antes.


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