Hoje, 22% dos frequentadores dos shopping centers brasileiros
são atraídos pelas opções de alimentação, de acordo com pesquisa feita pela
ABRASCE (Associação Brasileira de Shopping Centers) em 2014. Não é pouco. Parte
desse público escolhe o shopping para comer no intervalo do almoço, pela maior
oferta de opções de restaurantes. Outros vão para encontrar amigos ou jantar
com a família. Seja por necessidade, prazer ou pela combinação das duas coisas,
o fato é que alimentação possui hoje importância crescente e estratégica para o
negócio dos shopping centers.
Estudo recente da consultoria Galunion mostrou com clareza essa
evolução. O levantamento, feito em quatro shoppings paulistanos, identificou
150 diferentes conceitos de alimentação nestes centros comerciais. Desses,
apenas 6% são operados por lojas independentes, ou seja, 94% pertencem a redes
com duas ou mais unidades. Fora das capitais, apesar desse percentual ser
menor, a predominância das redes permanece. Prova disso é que embora apenas
34,5% das lojas em shopping centers sejam franquias, no setor de alimentação
esse índice sobe para 57%. Os dados são de um estudo feito pela ABRASCE em
conjunto com a ABF (Associação Brasileira de Franchising), no final de 2014.
Outro dado interessante que emerge do relatório da Galunion
revela que 83% das redes presentes nos shoppings investigados são brasileiras e
somente 17% internacionais (a maior quantidade das estrangeiras vem dos Estados
Unidos).
No passado, as redes especializadas em sanduíches predominavam
nas praças de alimentação. Isso mudou. Hoje, 57% das opções gastronômicas em
shoppings oferecem refeições e dessas somente 21% são baseadas em sanduíches.
As outras 79% vendem pratos. Aliás, falando em praça de alimentação,
a maior parte (73%) dos restaurantes que vendem refeições dentro dos
shoppings ainda está reunida em uma praça. No entanto, restaurantes (em especial
os chamados casual dining, como Outback, Madero, Johnny Rockets etc)
estão progressivamente espalhando-se por outros espaços do mall - e até
nos estacionamentos.
No mix atual as docerias ocupam bom espaço – 8% do mix de
alimentação nos shoppings pesquisados é composto por docerias e outros 9% por
docerias que vendem café. As cafeterias, por sinal, são outro destaque.
Representam sozinhas 9% das operações de alimentação. Também merecem menção as
sorveterias, segmento que cresceu muito nos últimos anos e hoje responde por 9%
do mix. Somadas, as operações de café, sorvete e doces constituem 36% do mix de
alimentação, cuja força é resultado das novas motivações dos consumidores,
muitos dos quais vão aos shoppings a passeio e aproveitam a ocasião para um
consumo barato e orientado pelo prazer.
O que vem ganhando maior importância nos últimos tempos? Segundo
o estudo, merecem um olhar mais atento as hamburguerias premium, com suas
carnes nobres, pães e molhos diferenciados e melhor ambiente; as padarias, como
Shimura e a Benjamim Abraão, e as já mencionadas sorveterias. Além desses
conceitos, vale acompanhar de perto o crescimento do que a Galunion chama de
‘cantinhos de indulgência’. São representantes dessa tendência pequenos espaços
mono-produtos que vendem delícias como brigadeiros, churros, cookies,
chocolates, cheesecakes, petit gateaus, entre outras. Podem ocupar pequenas
lojas ou espaços alternativos no mall, como vão de escadas, na forma de
quiosques ou até food bikes.
Resumindo:
- Boa parcela (22%) dos frequentadores dos shoppings vai a um
centro comercial especificamente para consumir em lojas de alimentação;
- Boa parte das lojas de alimentação em shoppings pertence a uma
rede ou franquia. Mas ainda são poucas as opções internacionais;
- A maioria das operações de alimentação oferece refeições, mas
os sanduíches, que reinavam nas praças do passado, perderam espaço para os
pratos;
- Aos poucos, restaurantes (em especial os casual dining)
começam a se espalhar por outros locais dos shoppings;
- Docerias, cafés e sorvetes respondem por significativa parcela
das operações de alimentação em shoppings;
- Hamburguerias premium, padarias, sorveterias e pequenas
operações que vendem indulgências (em especial doces) representam boas
oportunidades de diversificação de mix de alimentação.
É claro que este estudo serve mais como indicador de tendências,
tendo em vista a restrita amostra pesquisada. Mas possui o valor de sugerir uma
visão estratégica sobre um setor que tem ganhado força de ancoragem e que pode
tornar-se um poderoso elemento diferenciador na disputa de mercado que muitos
shoppings estão protagonizando pelos quatro cantos do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário