quarta-feira, 14 de outubro de 2015

É hora de inventar novos remédios, porque é grave a crise

Quando a crise começou a mostrar as garras, no 2o semestre do ano passado, muitos optaram por manter o otimismo. Afinal, havia ainda uma eleição pela frente e apenas adivinhos (e dos bons!) seriam capazes de prever os rumos da economia em 2015.

No começo do ano, já com a Presidente Dilma reconduzida ao Planalto, a esperança concentrava-se nas medidas do pacote de ajuste fiscal prometido pelo novo Ministro da Fazenda. Apesar da rápida deterioração do cenário político, não foram poucos os que projetaram uma recuperação rápida do consumo ainda no 4o trimestre de 2015, apesar das vendas oscilantes dos primeiros meses do ano. Esses analistas baseavam-se no fato de que alguns dos principais indicadores relacionados ao consumo ainda estavam positivos - o principal entrave era a desconfiança crescente dos consumidores.

Neste momento, porém, já está suficientemente claro que a situação para o varejo é bem complicada. Os números da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgados hoje pela manhã pelo IBGE, mostram que em agosto as vendas nominais subiram somente 1,1%, o que significa na prática um recuo significativo, considerando uma inflação de 9,5%. As vendas reais, medidas pela PMC, caíram 6,9%, a quinta queda consecutiva na comparação do mês com mesmo mês do ano anterior. Os três setores que mais contribuíram para este resultado negativo foram super e hipermercados, móveis e eletrodomésticos, vestuário e calçados. Como resultado desse cenário, começamos a ver varejistas fechando lojas e adiando planos de expansão.

Nos shopping centers o panorama foi ainda pior em agosto. Segundo a ABRASCE (Associação Brasileira de Shopping Centers), as vendas nominais recuaram 5,8%, puxadas para baixo pelas lojas de artigos do lar, vestuário, calçados e entretenimento. A rigor, apenas perfumarias e óticas apresentaram pequeno crescimento nominal, entre 1% e 2%. Nos shoppings do Norte e Nordeste a queda chegou a 10,3%.


Confirmada a crise e suas assustadoras dimensões, cabe o debate - como os shoppings devem enfrentá-la? A principal arma utilizada em situações adversas tem sido a promoção, mas o sorteio de carros e prêmios similares parece desgastado e em geral não mobiliza contingente muito superior a 5% da base de clientes de um shopping. Liquidações e campanhas de ofertas devem espalhar-se pelo país, mas trazem com elas o efeito colateral de reduzir as margens dos lojistas, ampliando as solicitações de descontos em aluguéis.

O momento é de debruçar sobre as pranchetas para desenhar novas soluções. Afinal de contas, essa crise não parece querer despedir-se do nosso país tão cedo.


Um comentário:

Jucelino disse...

O cenário não é o melhor, longe disso, mas é o terreno fértil para ideias inovadoras, corte de custos, operações mais enxutas, dessa forma lojistas podem "brigar" com inflação e vendas baixas. Mas seria bom mesmo se nossos governantes aprendessem a fazer um pouco dessa equação também!