Há 14 anos a Apple
iniciava uma revolução que iria mudar a face do varejo global. Não estou
falando do lançamento de nenhum dos fantásticos produtos da empresa de Steve
Jobs, e sim da abertura da primeira Apple Store, em maio de 2001, no shopping
Tyson's Corner, no estado americano de Virgínia (foto).
Artigo recente do jornal Washington Post lembrou que, curiosamente, a imprensa e muitos especialistas
receberam a ideia na época com muito ceticismo. A prestigiada revista de
negócios Business Week, por exemplo, manifestou sua descrença logo no título da
matéria sobre a loja: "Saiba porque as Apple Stores não vão
funcionar". Segundo a reportagem, as razões do tal fracasso (que nunca
aconteceu) começariam pelo baixo apelo que a loja supostamente teria, uma vez
que seria abastecida com uma linha limitada de produtos, e culminariam com os
preços praticados. "A Apple acredita que a fórmula do crescimento é
oferecer caviar para um consumidor que parece bastante contente com bolachas e
queijo", opinou um dos consultores ouvidos pela Business Week.
Em defesa dos
pessimistas devemos lembrar que de fato o momento era delicado para o varejo de
eletrônicos nos Estados Unidos. Tanto que a Gateway simplesmente fechou suas
188 lojas pouco depois, em 2004, e a CompUSA, a segunda maior rede de
eletrônicos americana também sucumbiu em 2007.
Enquanto isso, as
Apple Stores prosperavam e multiplicavam-se. Hoje estão em operação 400 lojas em
todo o mundo, sendo 265 apenas nos Estados Unidos, onde elas apresentam as maiores
vendas por metro quadrado do varejo - superiores inclusive às de marcas de
luxo, como Tiffany's.
Obviamente, de lá para
cá as opiniões sobre as lojas próprias da Apple mudaram um bocado. Hoje é
consenso de que algumas ideias implantadas pela Apple, tais como o conceito de não
apenas permitir mas até incentivar o cliente a interagir com os produtos, a
estratégia de apostar em informação e serviços ao invés de uma abordagem
agressiva de vendas e o estilo inconfundível da arquitetura das lojas, simples,
bonitas e eficientes, influenciaram decisivamente o varejo atual.
Como afirmou Tim Cook,
executivo que substituiu Steve Jobs, talvez loja seja um termo pouco apropriado
para definir os espaços que a Apple desenvolveu, inicialmente para aproximar-se
do consumidor final sem a interferência de intermediários. No final das contas,
as Apple Stores acabaram reinventando em grande parte a companhia - assim como o
varejo em todo o mundo.
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