quinta-feira, 23 de julho de 2015

Apple Store: uma ideia desacreditada que mudou o varejo global 14 anos atrás

Há 14 anos a Apple iniciava uma revolução que iria mudar a face do varejo global. Não estou falando do lançamento de nenhum dos fantásticos produtos da empresa de Steve Jobs, e sim da abertura da primeira Apple Store, em maio de 2001, no shopping Tyson's Corner, no estado americano de Virgínia (foto).

Artigo recente do jornal Washington Post lembrou que, curiosamente, a imprensa e muitos especialistas receberam a ideia na época com muito ceticismo. A prestigiada revista de negócios Business Week, por exemplo, manifestou sua descrença logo no título da matéria sobre a loja: "Saiba porque as Apple Stores não vão funcionar". Segundo a reportagem, as razões do tal fracasso (que nunca aconteceu) começariam pelo baixo apelo que a loja supostamente teria, uma vez que seria abastecida com uma linha limitada de produtos, e culminariam com os preços praticados. "A Apple acredita que a fórmula do crescimento é oferecer caviar para um consumidor que parece bastante contente com bolachas e queijo", opinou um dos consultores ouvidos pela Business Week.

Em defesa dos pessimistas devemos lembrar que de fato o momento era delicado para o varejo de eletrônicos nos Estados Unidos. Tanto que a Gateway simplesmente fechou suas 188 lojas pouco depois, em 2004, e a CompUSA, a segunda maior rede de eletrônicos americana também sucumbiu em 2007.

Enquanto isso, as Apple Stores prosperavam e multiplicavam-se. Hoje estão em operação 400 lojas em todo o mundo, sendo 265 apenas nos Estados Unidos, onde elas apresentam as maiores vendas por metro quadrado do varejo - superiores inclusive às de marcas de luxo, como Tiffany's.

Obviamente, de lá para cá as opiniões sobre as lojas próprias da Apple mudaram um bocado. Hoje é consenso de que algumas ideias implantadas pela Apple, tais como o conceito de não apenas permitir mas até incentivar o cliente a interagir com os produtos, a estratégia de apostar em informação e serviços ao invés de uma abordagem agressiva de vendas e o estilo inconfundível da arquitetura das lojas, simples, bonitas e eficientes, influenciaram decisivamente o varejo atual.


Como afirmou Tim Cook, executivo que substituiu Steve Jobs, talvez loja seja um termo pouco apropriado para definir os espaços que a Apple desenvolveu, inicialmente para aproximar-se do consumidor final sem a interferência de intermediários. No final das contas, as Apple Stores acabaram reinventando em grande parte a companhia - assim como o varejo em todo o mundo.

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