terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Lojas de conveniência se preparam para a ditadura do saudável

O crescimento nas vendas das lojas de conveniência tem sido maior do que o do varejo total nos Estados Unidos - entre 2008 e 2013, o aumento anual composto das vendas nas mais de 126 mil C-Stores americanas foi de 3,2%, superior portanto aos 2,5% registrados pelo varejo daquele país.

No entanto, este setor deve mudar bastante nos próximos anos, influenciado pelos novos anseios dos consumidores. Essa foi a mensagem principal do NACS Show, mega convenção promovida pela National Association of Convenience Stores em outubro passado, em Las Vegas (segue).

Para começo de conversa, o crescimento de concorrentes como drogarias, restaurantes de comida rápida e supermercados de vizinhança tem afetado os negócios e elevado o nível de exigência dos consumidores, que hoje demandam, além de facilidade e rapidez nas compras, um ambiente agradável, produtos de qualidade e bom atendimento nas lojas de conveniência.

Isso significa que além de boa localização e preços, é preciso melhorar também a operação como um todo. Vale dizer que no Brasil os desejos dos consumidores não são tão diferentes assim. Pesquisa do Sindicom revelou que os três atributos mais apreciados pelos brasileiros em lojas de conveniência são, pela ordem, limpeza e organizacão da loja, atendimento e qualidade de produtos.

Voltando aos desafios das C-Stores nos Estados Unidos, não é exagero dizer que, dentre todos, o principal fator de mudança será a onda da saudabilidade que varre o país e deve mudar bastante o mix dos produtos vendidos por lá. Quer exemplos? Os cigarros, que ainda lideram as vendas em lojas de conveniência americanas, tem perdido terreno ano após ano.

De outro lado, o hábito da alimentação saudável ganha cada vez mais adeptos. Pesquisa da NRA - National Restaurant Association mostrou que 70% dos consumidores americanos tem maior propensão a escolher lugares que oferecem comida saudável. Isso significa que alimentos frescos e naturais e bebidas com propriedades terapêuticas, por exemplo, ampliarão seu espaço nas lojas de conveniência. Como afirmou David Freeman, jornalista que foi um dos keynote speakers da convenção, "consumidores abandonarão as lojas que não tiverem opções saudáveis".

No Brasil, o setor ainda engatinha - temos por aqui somente 7 mil lojas de conveniência. Mas as oportunidades são muitas. Afinal, apenas 18% dos nossos postos de combustíveis possuem lojas de conveniência, enquanto nos Estados Unidos esse índice chega a 86%. Se a expansão do mercado de conveniência brasileiro é certa, resta de outro lado uma dúvida - quanto tempo vai levar até que as tendências apontadas pelo NACS Show deste ano cheguem com força ao nosso país? Eu apostaria em pouco tempo.

Aliás, em muito pouco tempo. ;-)

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