terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Shoppings e e-commerce: se não pode vencê-los, junte-se a eles

Ontem a Amazon assombrou o mundo com a notícia de que pretende utilizar drones, aqueles aviões não tripulados controlados por computador, para fazer entregas das compras online nas casas das pessoas até 30 minutos após a transação ter sido efetivada (veja o vídeo: http://migre.me/gRuHc). Se o uso de drones para entregas rápidas é fato ou factóite só o tempo dirá. Mas a verdade é que a Amazon está realmente preocupada em reduzir o tempo entre a compra e o recebimento do produto pelo cliente, ciente de que a gratificação instantânea ainda é um forte ponto a favor das vendas em lojas físicas.

Outra iniciativa da Amazon é colocar-se estrategicamente no caminho dos consumidores. Prova disso é a negociação em curso com o metrô de Londres para transformar cerca de 270 antigos guichês de compra de tickets em locais para retirada de produtos comprados pela internet. Outra rede varejista britânica, a Asda (controlada pelo Walmart), já utiliza a área de estacionamento de uma estação como ponto de coleta de produtos comprados na web. A ideia é elevar a atratividade entregando as compras eletrônicas em lugares convenientes para os consumidores, de preferência no trajeto entre a casa e o trabalho.

Esses exemplos mostram claramente que as operações de vendas online preparam-se para expandir ainda mais sua fatia de mercado. Por outro lado, algumas redes de shopping centers já perceberam que não podem simplesmente cruzar os braços e assistir de camarote ao avanço do e-commerce. A General Growth é uma que já iniciou um projeto piloto que permite aos clientes de quatro de seus shoppings fazer compras online e buscar os produtos nas lojas físicas do mall ou, ao contrário, comprar nas lojas e receber em casa.

Porém, quem tem sido mais ousada nessa integração entre o varejo físico e o eletrônico é a Westfield. Na Austrália, a empresa lançou o Serchable Mall, na prática um marketplace onde os consumidores podem encontrar produtos das lojas participantes do projeto piloto. Depois de localizar os itens desejados, os clientes poderão optar por comprar nas lojas físicas ou simplesmente pagar pela internet e receber em casa. Nesse caso, os internautas serão direcionados aos websites dos próprios varejistas, funcionando o site da Westfield apenas como um ‘ponto de encontro’ entre quem compra e quem vende. Esse cuidado se justifica pela complexidade da operação de logística envolvida no processo e pelos perigos de operar um site de compras sem ter o controle do estoque. Além do mais, assim o shopping mantém o conceito de aproximar clientes e lojistas, agora no ambiente virtual.

Outra iniciativa interessante da Westfield acontece nesse momento no San Francisco Centre, onde foram instaladas três lojas virtuais: Sony, Toms (calçados) e Rebecca Minkoff. Para comprar, os clientes precisam apenas buscar na imensa vitrine digital o produto que deseja, pagando com o cartão de crédito. Os itens podem ser entregues na casa do cliente ou retirados em um local no próprio shopping. A iniciativa, que vai até 12 de janeiro, é feita em parceria com o eBay, que de concorrente virou parceiro, veja você.

Não parece haver dúvida de que prevalecerá no mercado o desejo do consumidor de comprar onde for mais interessante e conveniente para ele. Por isso mesmo, o momento é preciso para reflexões por parte dos shoppings sobre sua verdadeira natureza – serão eles apenas uma coleção de lojas físicas ou um viabilizador de encontros entre marcas e clientes? Empresas como Amazon e eBay (ambas presentes no Brasil, por sinal), são concorrentes ou potenciais parceiras de negócios? Certamente não há respostas definitivas para essas perguntas, mas a hora de colocar questões sobre a mesa e projetos pilotos na rua é agora. Tanto lá fora como aqui no nosso país.   

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