Encontrei aqui em Cannes o meu amigo Flávio Salles, presidente da Sun MRM e jurado brasileiro do Lions Direct. Não resisti à pergunta – “e aí Flávio, o presidente do júri influenciou mesmo o resultado?”. Flavio garantiu que sim. Até o short list, foi tudo bem, segundo ele. Mas na 2ª feira a noite, já por volta das 23 horas, Rory Sutherland, vice-chairman do Ogilvy Group no Reino Unido resolveu fazer uma repescagem com os trabalhos que ele, presidente do júri, achava que mereciam melhor sorte. As peças precisavam de pelo menos 20 votos para ganhar um leão. Flávio contou que Rory forçou a barra para que os trabalhos que ele gostava alcançassem os votos necessários.
“Teve um especificamente que ele colocou em votação 3 vezes até conseguir incluir na relação dos premiados. Essa peça tinha 16 votos. Ele pediu que as pessoas reconsiderassem, porque seria afinal um trabalho legal. Conseguiu mais uma adesão. Como não era suficiente, ele voltou a colocar em votação o mesmo trabalho. Ganhou mais um voto. Aí ele começou a dizer que a gente devia premiar a peça, que era apenas um leão de bronze e não um prêmio Nobel, ou seja, não faria mal nenhum classificar aquele trabalho. Depois, pediu pela 3ª vez que as pessoas votassem, até conseguir o que queria. Detalhe – o trabalho era da Ogilvy da Malásia”, entregou.
Flávio repete com convicção e uma certa dose de revolta que Sutherland manipulou o júri e explorou o cansaço das pessoas para premiar quem ele queria. “Não é a toa que a Ogilvy foi uma das agências com mais leões, com destaque justamente para a do Reino Unido, dirigida por ele”.
Aproveitando o desabafo do Flávio, fui em frente. Mas afinal, o fraco desempenho do Brasil, que classificou 13 inscrições no short list e levou apenas 1 leão de bronze teria sido então culpa do presidente do júri? De acordo com Flávio, não. Sutherland teria beneficiado alguns, mas não prejudicou os brasileiros. O problema aí seria cultural – “a maioria dos 30 jurados eram europeus e não entendiam direito as peculiaridades do nosso mercado e as estratégias das nossas peças”, admitiu Flávio.
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