
Na 6a feira, ao ler o Valor Econômico, dei de cara com um artigo escrito pelo Alberto Almeida, diretor do Ipsos Public Affair, que mostrava dados mais estarrecedores ainda sobre o universo de compra e venda de produtos falsificados. Pesquisa realizada pela Ipsos revelou que os jovens e os mais instruídos apresentam índice de consumo de piratas acima da média. Pior - não consideram que isso seja errado e nem pensam nos prejuízos que estão causando ao comércio e às marcas.
Isso é super preocupante - que futuro podemos esperar para essa sociedade do "ilegal, e daí"? O tema da minha coluna de hoje no Blue Bus é exatamente esse.
9 comentários:
Problema são os impostos nesse país. Onde já se viu comprar softwares por 4 mil reais? Windows por 950 reais? Tem que piratear mesmo.
Gente, calma lá! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Também acho revoltante e injusta a carga tributária no país. Mas nem por isso dá para a gente ignorar que produtos piratas são ilegais e seus produtores são criminosos (tem quadrilhas internacionais perigosas envolvidas nisso) e não justiceiros. Né não?
Na verdade Marinho, o comentario do Anônimo ai de cima é um sinal. É um sinal do esgotamento do Estado Brasileiro. Tudo tem um limite, as altas cargas tributárias, a burocracia, a tolerância do eleitor com relação à farra de Brasilia, intolerância com o mal uso de nosso dinheiro.
Podemos encarar isto como uma desobediência civil, um protesto, um grito de basta!
A forma deste cidadão manifestar é justamente fugindo da formalidade, não que ele seja um hedonista ou que o fim justifique os meios, mas intuitivamente estão percebendo que fomentando o informal conseguirão deixar o "Rei nú".
O informal cresce por responsabilidade do Estado, um Estado populista que fomenta a criação de postos de trabalhos informais, os camelôs, "afinal é melhor trabalhar do que roubar né.." Noutro sentido o Estado que mantem uma alta carga tributaria, uma burocracia impensavel e uma legislação trabalhista paternalista e ultrapassada, desmotiva o empreendedorismo formal...
Pois é, Marinho, concordo com você. Não é culpa da Microsoft ou da EMI ou de qualquer empresa que os impostos sejam predatórios nesse país. E o pior é que quanto mais piratas são vendidos, mais o original vai custar caro. E é uma bola de neve... Eu sou contra a pirataria, sempre fui e faço questão de comprar meus CDs originais. Mas eu entendo que é impossível comprar CD hoje em dia sem ir à falência, e por isso a juventude e a elite estão com esse descaso perante a questão.
Se o governo ajudasse, seria possível contornar a situação. Eu me lembro que, antes do advento do CD gravável (e, portanto, antes da pirataria), todo mundo comprava CD original por um preço acessível e ficava feliz da vida. Por que não dá pra voltar a ser assim? Acredito que se o governo e a indústria se unissem contra isso seria possível inibir esse crime.
Afinal, por mais que haja o "descaso" uma coisa é certa: todo mundo queria mesmo era ter o CD original, bonitinho e com encarte. No dia que isso for acessível, a pirataria perde a força.
Bom... sonhar não custa, não é mesmo?
um abraço.
Marinho,
O problema tá no exemplo (além dos impostos).
Com o governo que temos (mensalão, máfias, CPIs enterradas, dança da pizza....) como vc acha que qualquer pessoa bem informada se sente ao saber que o imposto que paga é usado dessa forma?
É revoltante....
Isso não é sinal de individualismo, é na verdade um sinal de que o brasileiro está cheio, que os políticos precisam de um choque de moralidade e que, depois disso, sim podemos cobrar uma postura melhor dos nossos jovens.
A população é fruto do exemplo que ela tem no governo... Estatísticas como essa, me parecem, são sempre patrocinadas por empresas que perdem algo, nunca vi o governo se preocupar com isso..
Pelo contrário, agora até a economia informal entra na conta do PIB......
Todos esses comentários são muito interessantes e reveladores. A revolta pelos numerosos casos de corrupção financiados com os altos impostos que pagamos é legítima. Mas não haveria uma certa confusão nisso tudo? É certo relacionar a venda de CDs, relógios, tênis, bolsas, camisetas, óculos, softwares e games piratas com as trapalhadas do governo? E o empresário? E as marcas? Não sofreriam em dobro, já que também são afetadas pelos impostos e mais - pelo alto custo dos encargos trabalhistas, pela concorrência dos informais etc e tal? Enfim, esse parece um debate saudável, porém bem complexo. Obrigado a todos os que toparam participar!
Marinho,
nessa história de pirataria, fico pensando no que as indústrias vêm fazendo. Ao terceirizar a produção na Ásia - e propagar isso na business media - elas podem estar dando o seguinte recado: não importa muito a qualidade da produção e da mão de obra, o importante é a minha marca no produto e a rentabilidade do meu negócio. O valor da marca, que nós do mkt e da propaganda suamos para demonstrar, pode estar sendo entendido como "valor da etiqueta", sem que isso implique em qualidade intrínseca. E, se o importante é a marca, que vai dar o status que o jovem busca, por quê pagar mais caro no shopping? Junte-se a isso a informação de que lojistas inescrupulosos mesclam produtos autênticos e falsificados na própria loja - principalmente no varejo de calçados. A impressão que fica é que as bolsas, tênis e relógios autênticos e falsificados vieram do mesmo galpão chinês e que o único que perde dinheiro no processo é o consumidor correto e honesto.
Sou o mesmo anônimo do primeiro comentário lá em cima. Concordo plenamente com o que João Carlos disse e que eu não consegui expressar por causa do ódio desse país.
Tenho ódio de viver num país onde ninguém sabe até quando vai ter corrupção sem uma punição séria, sem propina. A corrupção existe em qualquer lugar deste mundo. É um problema ter a pirataria, sim. Mas maior do que isso é a sociedade que vivemos não conseguir se organizar para mudar o cenário.
Enquanto isso, pirataria vai existir. É mais cômodo, não é mesmo? Ninguém quer sair para querer mudar.
A pirataria está vinculada ao benefício econômico e, para muitos, a um ato político, fato. O que falta agora é toda essa gente se unir em prol de um movimento pró-pirataria ou contra os preços exorbitantes dos originais, o que dá na mesma. Quem se habilita?
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